12 de nov. de 2008

CANÇÃO PRO SOL VOLTAR

Puseram algema nos braços do mundo
fizeram um muro em torno do mundo
pro sol não chegar.
Os donos do mundo, que adoram as trevas
com medo taparam os olhos do povo
pra noite durar.

Munidos de força, de falsa verdade,
com autoridade de quem tudo pode,
com a prepotência de quem tudo manda,
os donos do mundo, senhores da Terra
tornaram verdade as mentiras da guerra,
tornaram mentira as verdades do amor.

Os donos do Mundo, com suas mil bocas
que falam de guerra, de "marcha, soldado!..
disseram ao povo: ser bom é fraqueza,
sorrir é tolice, amar é pecado.

A lua era boa, amava os poetas,
amava os amantes, amava o porvir.
Se a noite chegava, a lua risonha
rondava na noite pro sol ir dormir.
Os donos do Mundo, com suas geringonças
subiram na lua, treparam na lua,
a lua do povo, senhora dos sonhos,
a lua dos beijos, dos olhos risonhos.

taparam, com trapos, os olhos da lua.
Mas eu ainda canto, os olhos vendados,
os braços atados, já quase sem voz.
Quem sabe o meu canto, o canto do povo,
consigam que a lua ainda acorde de novo?. . .

Quem sabe o corguinho cantando na serra
consiga que as plantas floresçam na terra?..
Consiga que as.rodas do engenho maldito
parem der repente ouvindo o meu grito?...
Consiga que a Máquina, já enferrujada,
com suas engrenagens talvez já cansadas
esqueçam um pouco de só trabalhar?...

Consiga que o sol ainda volte pra nós?...

Castelo Hanssen

Um comentário:

Edson Bueno de Camargo disse...

Este poema do velho e bom poeta Castelo, ainda me tira lágrimas.

Poema maldito que teima em não ficar velho.

E com que lirismo nos desilude da vida este nosso amigo