Edson Bueno de Camargo
todas as tardes, guarda os filhos numa gaveta, como quem guarda os filhos em uma gaveta, todo seu carinho de mãe para o retrato,
há de ter sobrado
amor para outro homem
mas como encontrá-lo
em um mar de pernas e braços
o risco do céu se esmaece, todo o contorno em rosa e sangue,
a lágrima
coletada com lenços de papel
a noite
vê dormir os filhos do retrato
as vezes a mais velha teima acordada
e dorme em seus braços
assim que a abraça
todas as manhãs ao chegar ao trabalho, tira os filhos da gaveta, como quem tira os filhos da gaveta e observa o retrato com todo seu carinho de mãe
Um comentário:
Parabéns amigo Edson!
Conseguistes aprisionar o encantamento em tuas letras.
Estás ficando surreal também, hein!? rsrs
Muito bonito esse poema.
Abraços!
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