15 de fev. de 2008

POEBOMBA

"Cém sóis flamejam no horizonte"
Maiakovski

Quero um poema lunático,
límpido e transparente,
pra cantar meu povo;
um poema explosão,
feito de ácido urânio,
de cogumelo adesivo
e diamante combustão,
que rasgue as vísceras do problema.

Quero um poema estereotipado,
um poema espada aguda,
um poema felino predatório,
pra destroçar com ira
os ladrões, os corruptos,
as cobras, as hienas,
que comem as vísceras do meu povo.

Quero um POEBOMBA
poluído e leprosante
de 9.000.000 de megatons,
de l00.000.000 de Hiroximas,
pra fulminar os feitores,
que comem as vísceras do meu povo.

Quero um poema terremoto,
um poema furacão,
convulso e vulcânico;
um poema diluvial,
fim-de-mundo,
um poema dicionário,
que corte a face da terra,
que risque a pata do mapa;
um poema fóssil,
um poema cristal,
um poema ósseo,
um poema bisturi,
que extirpe as vísceras
dos corruptos e dos ladrões,
das cobras e das hienas
que as carnes do meu povo comem.

Aristides Theodoro

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