11 de abr. de 2008

A HISTÓRIA DE PORTAVALDO JUSTOMAR E DO FILHO QUE ERA MAIS NÃO É E DO QUE NÃO ERA MAIS É.

(história baseada na obra de Aristides Theodoro sobre a fictícia cidade de Curiapeba)

CAPITULO PRIMEIRO:DA CHEGADO À FAZENDA BARAUNA PROXIMA AO RIO DAS VOLTAS

Essa é mais uma daquelas histórias que tornaram-se lendas no sertão baiano.A unica coisa que nos faz acreditar que ela seja verdadeira, é o fato de ter acontecido em Curiapeba: a cidade onde o improvavel e o impossivel fazem parte do cotidiano.
Tudo aconteceu muitos anos atrás quando um Coronel chamado Vitelo de Arroba Vastos, chegava em sua casa, juntamente com seu capataz Barbaré Muriçoca, após uma noitada regada à catiola e outros tipos de cachaça. O coronel e Muriçoca havia bebido tanto, que só conseguiram chegar em casa graças aos cavalos que já conheciam o caminho entre o bar no centro e a sua fazenda Baraúna, que ficava proxima ao Rio das Voltas . Os cavalos pararam em frente as porteiras e,. enquanto o coronel parecia dormir montado na cela do cavalo apoiado em sua enorme pança, como um pombo velho em um poleiro, Murissoca aos tropeços, desceu da montaria e foi abrir as porteiras. Colocou a mão na tranca, mais se apoiando do que tentando abri-la, quando de repente viu um vulto surgir do mato alto ao lado. Na mesma hora, levou a mão na cintura afim de apanhar sua arma, mas encontrou o coldre vazio. Quando olhou para frente, arregolou os olhos vermelhos de embreaguês ao perceber que a figura sobria estava empunhando sua própria arma!
- Não podi sê, como ele foi tão ligeiro?!! - pensou Murissoca, e auxiliado pelas primeiras luzes do sol que estava raiando, passou a avaliar a ameaça que seu oponente representava:
Um negro alto e atlético, com um rosto severo e olhar esguio. Ele estava de pés descalços e sem camisa, coberto apenas por farrapos que um dia haviam sido uma calça; E o pouco que restava do velho tecido branco, estava salpicado de manchas de sangue seco. Coronel Vitelo, que até então parecia alheio a tudo em meio a sua bebedeira, sem nem mesmo abrir os olhos – que já eram fechados por natureza - murmurou através do protuberante bigodão:
- Fale logo cabra!! Se é dinheiro que vosmecê quer, fique sabendo...
- Não sinhô, num carece de se preocupá não. Eu num quero lhe fazê mal. Só apanhei o revolví por que num quero que ninguém se machuque. - sensurou o negro.
- Se ocê num quer machucar ninguém, então me diz o que quer. - questionou o Coronel. - Eu venho lhe pedí guarida. Um bocado de pão e um gole d'agua pra modi eu tomá meu rumo. - respondeu. Coronel perguntou então: - por acaso vosmecê tem nome?
- Meu nome é ... é ...o negro pausou, como que fazendo força para lembrar o próprio nome e finalmente disse gaguejando: - Por-portovaldo, Portovaldo Justomar... O coronel deu um salto na cela, como se tivesse visto uma assombração.
- Portovaldo Justomar?! Num podi sê!! O negro abriu a bocarra como que querendo continuar a falar, mas mostrava-se sem forças até mesmo para manter os olhos abertos. Com a face coberta de suor e as mãos tremulas, começou a cabalear, de um lado para o outro, até enfim cair por terra feito árvore podre decepada pelo machado. Murissoca, que estava com as mão estendidas para o céu diante da revolver, como quem implora a Deus por sua vida, demorou uma eternidade para notar a arma caida à seus pés. Daí, jogou-se no chão fingindo agilidade, apanhou o trabuco e disse:
- Só um instante Coroné, que eu estóro o bucho desse disinfeliz.
- Vá pra baixa da égua seu peste – retrucou o Coroneu - Quem merece chumbo é tu. Cabra que é macho de verdade, deixa outro bulinar inté sua mulé, mas nunca deixa outro pegar em sua arma. Venha, coloque o homem em sua corcova de jegue e carregue o homem pra dentro.

CONTINUA...

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Um comentário:

Eliza Gregio disse...

Marcos esta lindo seu conto já estou aqui ansiosa para ler o proximo. Um abraço