24 de abr. de 2008

VESPERTINO

Eu sei,
O extraordinário tende a ficar comum
Na visão de olhos superficiais.
Ninguém vê além do prazer
O que vai além do sentir.

E se
Nessa multidão eu sou apenas mais um,
É porque os humanos são tão triviais.
Desprezam a sombra
Só porque sem luz, ela não pode existir.

Lá, no litoral,
Quando o Sol se põe parece que vai
Mergulhar nas entranhas do mar.
Sua glória finda num parto invertido.
Mas as águas não têm abrigo.

Meu amor se esvai incontido
Por entre muitos náufragos perdidos.
Eles não sabem que não há salvação.

Em minhas águas ilimitadas
Até a própria morte está inundada
Neste oceano que é o meu ínfimo coração.

O meu consolo é o mar,
E o Sol a se deitar
Em águas outrora azuis.

O amanhã, outro dia trará,
E a minha sombra ressurgirá,
Pois haverá outra uma luz.

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