12 de jun. de 2008

TRÂNSITO IMPEDIDO

Quem plantou na frente da minha janela
o espigão maldito
que roubou a imagem do meu horizonte?
Quem secou-me a fonte?
Quem nublou os meus olhos com fumaça plúmbea?
Quem cortou-me a asa?
quem colocou a placa "Trânsito Impedido"
no caminho lindo que eu tinha escolhido
para voltar para casa?
E quem foi que foi, que foi ao discionário,
e num desvario, numa maldição,
riscou a palavra linda que eu tinha escolhido
para dizer no dia que fosse o dia da libertação?

Mas saiba você, autor do meu fracasso
que ainda posso me aninhar
no seio do meu leito amigo.
Que eu ainda consigo na masturbação
reviver o amor vivido um dia,
ruminar poesia em solidão.

Ainda com o meu pranto,
vou lavar a honra do meu desencanto,
o tapa na cara que eu levei da vida
quando acreditava que ainda existia
o amanhã.

Castelo Hanssen

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