5 de jan. de 2009

bibliotecas do inferno

Edson Bueno de Camargo

Sempre imaginei que livros queimados em praça pública em manifestações nazistas, livros queimados em fogueiras de autos de fé, livros triturados e amalgamados em novo papel higiênico, se transportavam para as bibliotecas do inferno. Os destruidores da Biblioteca de Alexandria, trazidos ali originalmente para cuidar dos volumes desta, catalogavam e cuidavam deste precioso acervo. Depois, bibliotecários sádicos, maus poetas e beletristas, passaram a cumprir ali seu castigo eterno. Mais tarde ainda censores papais e de insipientes ditaduras completaram os cargos remanescentes.

Demônios são criaturas que tem o saber como uma de sua fomes,
a ignorância dos homens aguça mais os seus apetites.

ratos devoravam pergaminhos
como queima agora
o azeite desta lâmpada

Xeque Ahmed Yassin
cumprimenta seus convidados
com seu sorriso senil

(vi o sorriso do demônio
quando devorava crianças
com lambidas de fogo)

no dia de sua morte
uma jovem
preparara seu chá
antes de lavar seus pés

a velhice
não traz confortos
Xeque Ahmed Yassin
lembra
de sua mocidade

esta noite
além de almas jovens
imoladas no fogo
o velho morrerá na porta da mesquita

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