13 de set. de 2009

nada é por acaso




Edson Bueno de Camargo


esta noite
e seu cardume de sonhos afogados
água turva
que cobre o corpo da desesperada e inocente suicida
e seu colar de flores e ramos silvestres

(não confiou no canto do amado
que louco lhe confessou tudo)

cobre a superfície desta poça
de vidros e escamas
e tudo mais que é transparente e brilha
canto lírico
de barcos à deriva e a tripulação louca
rebentam em bancos de areia
onde esperam sereias
seduzem para o banquete

nada é por acaso
muito menos esta noite estreita de obuses
campos incendiados
em uma sinfonia de graves desafinados
de trompas mudas como a voz dos elefantes
(no entanto escuto)

a chuva cai
indiferente
assim como as lágrimas
assim como o calar

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