Edson Bueno de Camargo
derramar
da palma da mão direita
toda a escuridão líquida
que se acumula
aprofundar
no vaticínio do sonho
medo do absurdo
de que ainda respiro
o mesmo ar a procura de guelras
que não estão
o ouvido queima a cada acorde
do dissonante som
do universo que nasce ainda
a ausência da luz devora mundos e estrelas
grito mudo da destruição
rompe o espaço
como uma luz que não existe mais
nas asas da borboleta
ao ruflar agora
todos os códigos decifrados da teoria do caos
pois tudo é conseqüência
de um único gesto
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