12 de jun. de 2008

ANTI-HERÓI

De tanto ver triunfar as nulidades
Eu quis vencer na vida,
Mas por desgraça ou por sorte sou poeta
E a minha luta já nasceu vencida

Eu sonhei com um mundo de justiça,
Eu quis fazer minha revolução,
Eu quis voar, fiz versos condoreiros,
Mas nem sequer tirei os pés do chão,
Falei mal do governo e da plutocracia,
Das ditaduras das razões de Estado
Mas na hora do “vamos ver” morri de medo
Com medo de morrer crucificado.

Pai afasta de mim esse cálice,
Pois mesmo se eu morrer essa dor não se acaba.
E a taça de sangue que me ofereceram,
Eu troquei por um suco de goiaba.

Se passei pela vida em brancas nuvens,
Se dos sonhos que tive eu nada fiz,
Se engoli sapo, levei desaforo,
É o jeito que arranjei de ser feliz

Mas, por consolo, trago uma certeza:
Eu não feri nem fiz ninguém sofrer.
Eu não mato nem morro por amor,
Eu, por amor, só aprendi a viver.

Castelo Hanssen

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