12 de jun. de 2008

POEMA DE DESAMOR À POESIA

Um dia resolvi fazer uam poesia
só para dizer que sou poeta.

Escarafunchei meu cérebro pensante;
virei e revirei meu coração amante;
pesei e sopesei palavras ebm sonates...
mas o verso não veio...

Lembrei casos de amor felizes e frustrados.
Romances e romances havidos e inventados,
lágrimas de fel, de sangue e de crocodilo,
mais isto e mais aquilo...
mas o verso não veio.

Somei um por-de-sol à uma noite sem lua,
uma criança faminta, uma mulher nua,
baleias, passarinhos, praias, poluentes,
momentos, sonhos, vidas, entrementes,
mas o verso não veio.

Tentei capturar os momentos fugazes,
como gases fugiram, como cão vadio,
como o diabo da cruz, como gato do rio,
mas o verso não veio

Falei mau do Governo e plutocracia,
dos partidos, dos homens, dos motivos,
fiz discursos compridos e subversivos,
mas o verso não veio...

Me encharquei de revolta e de cerveja,
tirei a roupa, subi na mesa,
xinguei minha mãe, minha avó, minha tia,
mas cade a poesia?

poesia... sua ingrata, eu te amava tanto!!!
Tantas noites perdi em desespero e pranto,
quando mais eu preciso você me abandona
sua cachorrona!

Está bem... eu desisto... eu pago o prejuízo.
E de rabo entre as pernas vou para casa, vou criar juízo,
e se o verso não veio, já não sou mais poeta.
TÔ DE SACO CHEIO!!!

Castelo Hansse

Um comentário:

Ana disse...

Um dos melhores poemas que já li! Tive a oportunidade de ver e ouvir o próprio poeta a recitá-lo e foi emocionante! Lindo, lindo, lindo! Parabéns, Castelo!