Vermelho Carmim
Estava ainda no transe
Daquela consciência inflamada
O velho espelho ainda estava
Refletindo vermelho carmim
Conduzida certa donzela
Pela avenida de lençóis
Teus olhos não tinham mais prantos
No sorriso do eterno jasmim
Pra que dizes nomes e coisas
Que não valem o silencio da palma
Viste o corpo tomando outro estado
Quando invadiste a caverna da alma
E vermelho percorre tal chama
E te rouba suspiros perdidos
Sela a boca com beijos contidos
Espalhados no leito da cama
E ainda com os olhos parados
Não vimos passando por nos
O vento, o sol e o dia
Torna-se vendaval e trovoada sombria
Se contendo para não adoecer
Na calma que os abranda
A musica da concubina
Sopra nas narinas lavanda
Nunca param por que não conseguem
O fim é começo de tudo
O carmim fica ainda vermelho
Novamente é porto seguro
Em leves mordidas se acham
Por que sabem que nada procuram
Não querem saber da energia
Que tão logo de leve os sugam
E o fogo percorre paredes
E acendem leves labaredas
Que queimam partes inteiras
Das vontades de noites faceiras
Onde os braços alcançam tementes
Decepados por braços parentes
Não se escapam das garras vorazes
Nem da certeira picada da serpente
Ele a quer cedendo aos olhos
Ela o quer marchando devagar
Numa guerra de poucos soldados
Grande mundo vai se formar
Nem as horas que perdem com riso
Nem maçã que roubaram do paraíso
Não terminam por que querem começar
Como onda que quebra no mar
O vermelho carmim que assombra
E ainda persegue a fada
Faz donzela mulher tão louca
Faz mulher plena e consagrada
E ele toma teu corpo para si
Saciando a vontade contida
Atados de olhos fechados
Respiram o desabrochar da vida
Deveras voltar ao começo
Onde tudo tinha terminado
Só os jovens não tinham notado
Que o fim tem seu apreço
Pois agora um abraço apertado
Fez menina e menino despertar
E ver que ainda crianças
Conseguem reconhecer o lar
O lugar dos amantes noturnos
É lugar dos lírios amanhecendo
Salve! Salve! Os dias vividos!
Pois todos os dias estão acontecendo.
Rosefly
21 de set. de 2008
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