31 de ago. de 2009

sal dolorido

Edson Bueno de Camargo

as velhas carpideiras
derramam um rio salgado
nos granitos abandonados da rua

olho de sal dolorido
difícil de digerir
vermelho e amargo

seis azulejos brancos da parede
solidão da ausência de cor
não pesam ainda o amarelo dos anos

o que espera
não pesa mais que o ar
silêncio sem destino

cortejo de flores murchas
coroa de brancas e amarelas
o que foi possível para agora
o que lhe cabe de sua sina

formigas mordem a terra
e escavam suas pequenas vidas
são suas casas também suas covas
aqui se operam seus ciclos

o homem se iguala ao inseto de seis patas
quanto mais perto está
do fim de sua jornada
sua roupa se torna mortalha


o outro mundo também é aqui

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